Na última década ocorreram alterações nas prioridades
que educação exercia no projeto de Estado, ou seja, escolhas políticas
refletiam um novo projeto de país a ser pensado de tal forma que combatesse o
massivo ataque neoliberal as Universidades públicas. Com isso, passamos a
pensar a educação pública como elemento crucial para o desenvolvimento
econômico do Brasil. Entretanto, para essa mudança era necessário alterar os
principais pilares que compõe a universidade pública: Ensino, Pesquisa e
Extensão. Pilares estes constituídos sobre o olhar de uma elite branca
beneficiada pelo racismo que via na educação superior o status de excelência e
reprodução de uma dominação econômica tendo assim, acesso aos melhores salários
e benefícios que permitissem melhores condições de vida.
Essa
mudança iniciou com a democratização do acesso,abrindo a universidade para os
principais setores historicamente excluídos, alterando o perfil do estudante e refletindo
o real contexto social. Logo, o fator determinante para a mudança nas
universidades públicas foi o programa de cotas. A partir desse avanço é
necessário garantir a permanência do estudante cotista,ampliar a assistência
estudantil e expandir a universidade para assim promover o desenvolvimento
territorial.
Toda
essa mudança foi implantada sobre constante conflito com os setores mais
reacionários da sociedade, setores estes que enxergam essas transformações como
sendo a destituição da excelência de um ensino público e que abominam qualquer
política de reparação social defendendo uma meritocracia preenchida de um
discurso classista, racista, sexista, homofóbico e etnocentrista.
Nós
do Movimento PT, tendência interna do Partido dos Trabalhadores, compreendemos
que as constantes mobilizações no mundo, catalisada pela crise econômica gerada
pelo capital especulativo e incentivada por uma política neoliberal, reacendeu
a defesa de uma universidade pública gratuita e de qualidade. Estas
mobilizações vistas na América Latina,a exemplo do Chile e do Brasil, e na
Europa tinham como principal bandeira a luta contra a mercantilização da
educação, ampliação do acesso, a necessidade de maior presença do Estado e a
crítica da subserviência da universidade com o capital que em crise gerava
desemprego em massa da juventude.Com isso, torna-se necessário um novo marco para
pensar a educação pública no Brasil, um marco tão crucial quanto a reforma de
córdoba e na luta contra a reforma de Bolonha que avance no caráter
democrático popular ampliando as últimas conquistas.
Para
isso precisamos aprofundar a legitimidade da Universidade aliada com as forças
sociais com interesse em protagoniza-la: o primeiro protagonista são aqueles que
compõem a Universidade nas suas diversas representações da classe estudantil,
dos técnicos servidores e dos professores, o segundo refere-se ao Estado e as
políticas públicas adotadas para a educação e a terceira é referente a
sociedade civil organizada. O primeiro consiste naqueles que se pronunciam
contrario a um ensino conservador e lutam para a construção de um modelo contra
hegemônico que agregue as demais formas de conhecimento produzidas no interior
ou no exterior da Universidade e também combatam um discurso opressor que
utiliza do corporativismo e da meritocracia. O segundo consiste nas opções
políticas feitas pelo Estado que exerça uma prioridade sobre a educação pública
e que a entenda como uma demanda social devendo então democratizar o acesso, ampliar
a permanência e expandir o ensino público com excelênciano intento de torna-lo
multiplicador de um desenvolvimento territorial. Por fim a última categoria
representaos grupos sociais, movimentos sociais, sindicatos, organizações não
governamentais, associações ou indivíduos que estejam disponíveis a constituir
uma relação de cooperação entre a Universidade e interesses sociais que
representam.
Este
último teve uma relação hostil devido ao elitismo da universidade que não
priorizou o dialogo com esses setores. Esses diálogos serão retomados através
de respostas, ou seja, a universidade precisa apresentar soluções coletivas
para os problemas sociais locais recuperando seu protagonismo político através
da luta contra a exclusão social.
A
construção deste marco tem como elementos fundamentais: a) A Universidade como principal
fomentadora do desenvolvimento territorial b) A apresentação do impacto real na
comunidade do programa de COTAS c) a expansão dos benefícios voltados para o
estudante cotista e para a assistência estudantil d) A expansão de espaços
institucionais de diálogo com a sociedade que permitam opinar na condução orçamentária
e no planejamento e) A regularização dos espaços e dos setores privados que
funcionam dentro da Universidade Pública f) A formação de um centro de
referência capaz de acompanhar e captar os principais programas de incentivo ao
estudante cotista) A democratização da pesquisa, da extensão e dos espaços de
decisão da Universidade.
A
eleição para reitor da Universidade Federal da Bahia se apresenta em um cenário
decisivo no fortalecimento da Educação Pública. Nesta conjuntura destaca - se a
avaliação das políticas de cotas nas Universidades, as grandes manifestações de
massas e os projetos eleitorais em disputa. Nessa circunstância precisamos
expor a toda sociedade um programa que defenda a democratização do acesso
ressaltando o impacto do programa de cotas para o desenvolvimento
socioeconômico da Bahia, que atue em conjunto com os movimentos sociais e
ressalte a Educação pública, gratuita e de qualidade como sendo prioridade no
projeto político.
Discutir
os rumos da Universidade Pública nesse momento histórico é disputar as ações
afirmativas por inteiro, no sentido de promover equidade na formação dos
estudantes, reconhecendo todo o avanço social garantido na expansão
universitária. É não perder do horizonte programático a importância da
pesquisa, da extensão e da produção do conhecimento, livre dos interesses do
capital privado e centrados nos interesse da soberania nacional. É tornar da
Universidade um agente propulsor das transformações sociais. É compreender as
novas formas de sociabilidade e de organização social na luta contra o capital.
Por
fim nós do Movimento PT afirmamos nosso compromisso com o candidato João
Salles. Acreditamos que pelo seu histórico de luta, de ativismo e resistência no período da ditadura militar,
pela sua identidade com o movimento social, pela dedicação acadêmica voltada na
construção de um pensamento crítico e pela comprovada capacidade gestora e
política. É ele o candidato que pode construir uma Universidade participativa
de caráter popular.Retomando, em conjunto com toda a sociedade, o papel político
que a Universidade Federal da Bahia exerce sob o Estado. O nosso candidato tem
a compreensão de que expansão de vagas na universidade, cotas e excelência
acadêmica são os pilares sinequa non
para que a universidade pública cumpra a sua função social.
Reconhecemos
que apenas com o estabelecimento destes elementos podemos construir na
Universidade Federal da Bahia, conhecimento contra hegemônico.
Nenhum comentário:
Postar um comentário